domingo, 30 de novembro de 2008

- sem limites;

A cena era a seguinte: cinco amigas, um ônibus, uma puta paisagem, e uma viagem pra contar.
Eu era uma delas. Por um momento, me ergui acima das conversas, entrando num estupor agradável que me permitia reviver os momentos mágicos do final de semana. Encostei a cabeça no vidro da janela e pensei em cada riso, cada besteira, cada pequeno instante da viagem; deixei que minha mente divagasse.
O céu era daquele azul que só se vê em filmes, até uma faixa de nuvem; abaixo dela, era perceptível uma mancha de poluição ao longe; pra onde eu não queria voltar. A fumaça misturava-se com as nuvens de algodão, formando milhares de espirais, e eu poderia passar o resto da minha vida ali, só olhando, ouvindo ao fundo o som daquelas que me trazem mais felicidade do que qualquer outra coisa. Um pequeno sorriso involuntário brotou dos meus lábios.
Perto do horizonte, um avião se distinguiu da fumaça. Da janela, ele era menor do que uma mosca. Me surpreendi ao perceber que ali deviam estar mais pessoas do que no ônibus em que eu estava.. e me senti inundada pela grandeza do mundo. Parei pra pensar, e me toquei que há tanta coisa para decidir, tantas opiniões pra formar e histórias para ouvir; e me encolhi, por perceber a minúscula fração que eu sou do universo e a mudança menor ainda que aconteceria se eu deixasse de existir.
Assustada, fechei a cortina. E me virei para olhar o que eu tinha pela frente.
As quatro melhores amigas do mundo sorriram para mim. Do outro lado do ônibus, o sol começava a descer no horizonte. E senti que meu amor preencheria o mundo.

sábado, 22 de novembro de 2008

- uma pequena analogia;

O jovem moço deitou sob a relva e abraçou os joelhos. Deitado, ali mesmo, corria. Temia que a dor chegasse primeiro.
Fechou os olhos. Ignorou o frio da chuva e do vento, e começou a lembrar.
Voltou ao primeiro dia, àquela mão branca e fina que parecia leve o suficiente pra que o vento a levasse. Lembrou-se do quanto sonhou antes de poder finalmente roçar sua pele naquelas mãos de cristal. Quase pôde sentir o cheiro doce de seu cabelo, sempre preso ao coque de bailarina gracioso; percorreu os olhos sobre seu corpo de menina e de moça, os traços ínfimos que cansou de memorizar, a cada dia, a cada minuto que passava entorpecido pela sua existência quase tangível. A água em sua boca se confundiu com o gosto daqueles lábios finos e delicados; involuntariamente, estendeu as mãos, procurando, esperando.. manteve-se alheio ao barulho das gotas de água esparramando-se à sua volta, e ali, debaixo da chuva, sob o frio do vento, quase pôde ouvir a sua voz.
Não distraiu-se nem quando um trovão rugiu ao longe.
Correram por aí, no tempo que se seguia, histórias incertas sobre aquele moço, jovem moço, que dormira forçando seu coração a bater, e que ele assim estaria, por mais que desabasse o mundo.. Muitos foram vê-lo, contra várias doenças foi medicado, por muito tempo foi presenteado com visitas dos mais variados tipos de religião. Mas o tempo apagou as lembranças, hoje já esquecido, ele dorme, por mais que desabe o mundo.
Ele dorme e sonha, sorri e chora, e sussurra para si mesmo as notas da música que outrora ela dançava, com seus pés de moça e sorriso de criança. Há quem diga que ele espere, outros já desistiram de confabular. Mas há quem saiba que ele só teme a dor que sentirá ao acordar, e o futuro incerto que o espera ao desistir de evitá-la. Há quem saiba, que por mais que ele corra, um dia ele perderá a luta; quando seus pés não puderem mais aguentar. Cai a chuva, passa o vento.. E ele continua dormindo.

(Hoje eu percebi, o porque de tanta falta de inspiração; e eu percebi também que estava na minha cara o tempo todo.
Cada sentimento descrito por mim sempre procura a definição perfeita; como explicar completamente meu estado de espírito, mesmo que de forma indireta. Eu nunca consigo isso, mas eu sempre tenho uma pequena idéia daonde eu quero chegar.. do que eu preciso tirar de mim, pra que pare de me atormentar; ou da felicidade que eu desejo mostrar pro mundo. E, ultimamente, nenhuma palavra parecia ser completa e intensa o suficiente.
Por que eu não sabia, não entendia, o que me atormentava.. do que eu estava precisando, qual o alívio que eu buscava com tanta ansiedade. Eu já havia desistido. Até que eu baixei a canção de ninar que o Edward fez pra Bella (que vai tocar no filme), ouvi, e chorei. É uma composição só de piano, linda, mas que normalmente não faria as pessoas chorarem. E eu chorei..
E eu percebi que não eram as palavras que estavam tão incompletas.. era eu mesma.
Eu sou o maior exemplo que eu conheço de fraqueza, de dependência, e de medo. Eu já senti muita dor. E o medo de sentir isso de novo afasta de mim tudo que eu amo, todas as pessoas que me dão esperança; isso suga as minhas forças, me desidrata, por que eu dependo irremediavelmente dessas pessoas; da certeza e da incerteza que elas me dão ao mesmo tempo. Eu percebi, hoje, que eu estou procurando às cegas por algum pedaço de mim que eu deixei por aí. E que essa busca sem direção acaba com toda a alegria que eu consigo reunir, como água resvalando por entre os meus dedos..
Ah, da forma mais idiota possível, eu percebi que eu quero um amor com todas as minhas forças.. eu quero um abraço forte, que me proteja e me aqueça; eu quero um olhar que traduza devoção, compromisso; eu quero que isso dure até não poder mais, que seja real, não apenas nos meus sonhos. Eu não quero mais acabar com tudo e viver com migalhas por aí. Eu preciso de algo muito maior do que isso.
E agora, só me resta não deixar mais que esse aperto no estômago constante me atrapalhe quando eu for escrever.. por que eu sei, eu me conheço; amar não é mais tão fácil pra mim, e não é tão cedo que isso vai acontecer.
Essa é só uma explicação do por que de tanta ausência daqui. E tomara que eu volte a escrever, logo.)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

- péssimo novembro;

Eu queria voltar a escrever.
Não sei que porra me fez parar de escrever. Tá, eu fui escrever um depoimento de aniversário pra uma amiga minha e.. não saiu. UM DEPOIMENTO. Agora me explica como é que tanta inspiração some do nada, e como todos os seus textos de repente viram um lixo..
Eu tenho dezesseis arquivos enormes do word cheios de textos (a maioria eu não mostro pra ninguém), sem contar os blocos de notas e os perdidos por aí. E então, do nada, toda a capacidade que eu tinha de me esvair em palavras some, e eu fico desesperada de tanta sensação martelando na minha cabeça pedindo pra sair. Que merda. Isso devia ter uma fórmula, sabe?
Esse incômodo não sai da minha cabeça, o dia todo. Eu fui mal na prova de redação (isso era inédito até essa última prova..), acabei com todas as minhas idéias, e não consigo fazer uma porra de post decente sobre não conseguir escrever. Eu achei que era por que eu não lia faz tempo, então eu engoli toda a série do Crepúsculo em menos de uma semana e esperei a inspiração vir. Eu andei na rua sozinha uma tarde quase inteira e fiz capuccino numa caneca vermelha linda que eu tenho e que me dá idéias. E nada funciona!
Eu vou enlouquecer em poucos dias; tô em processo, contagem regressiva, há!
Alguém aí que entenda de mentes estranhas explodindo de tanta informação, que tal me dar uma ajudinha?

domingo, 9 de novembro de 2008

- aos seus pés;

Chorei ao me deparar com o amor
E o ar se rendeu à minha falta de fôlego
Por carecer te deixar, foi a dor
E a lembrança de seu desejo trôpego

E o beijo cativou meu devaneio
Desandei, e aos seus pés virei criança
A inocência se mostrou como um espelho
E o pudor que a perfídia sempre alcança

Mas não por mim o seu olho brilhou
E não a mim foi destinado o seu apego
Enquanto o anseio ardente atenuou
A vã espera me revolvia ao gelo

Em um sonho feito pelos meus desejos
Eu te levarei ao inferno
E o fogo será a nossa única testemunha

Não haverá perdão aos nossos erros
Seguiremos um rumo incerto
Que em nós livremente se expunha

(eu não consigo mais escrever, então eu coloco um texto mais velhinho aqui. eu gosto desse poema por causa desse negócio de vou te levar ao inferno, muahaha. mas, por favor, alguém me ensina a trazer a inspiração de volta?)