quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

- ainda é tempo;

Houve um tempo em que eu era diferente. Quase outra pessoa. Eu era vaidosa, eu gostava de me arrumar e arrumar meu quarto, deixar ele sempre bonito. Eu não passava noites acordada nem dias vomitando. Eu não tinha máscaras. Eu não me escondia, nem escondia nada de ninguém. Hoje eu sou um monte de segredos amontoados. Naquele tempo, eu esperava o grande amor. Eu não ficava por ficar, não beijava sem conhecer antes, não fazia nada do qual eu fosse me arrepender depois. Eu tinha medo de tudo. Mas eu me sentia protegida de tudo. Eu me orgulhava em me sentir pura, me derretia por qualquer coisa, e não tinha vergonha de chorar, por que eu quase não chorava. Eu não era criança, mas não era adulta. Eu olhava no espelho e via a mim mesma. Hoje eu tenho dezesseis anos e estou velha. Tudo parece um caminho longo demais. Hoje eu sou experiente. Experiente parece.. nojento para mim. Eu queria ser daquelas que ficam com um por mês, ou menos, sei lá que porra que é normal. Eu queria saber o nome de todos. Queria me lembrar de cada momento.. Eu era tão ingênua, me magoava fácil, mas levantava fácil. Eu era quase uma criança, e daria tudo para voltar, fazer tudo diferente. Eu tomaria as escolhas certas. E viveria sorrindo. Hoje eu sou uma pessoa em turbulência. Acalma às vezes, mas sempre acaba vindo à tona. É como correr contra a chuva, como eu fazia quando era criança.. dá emoção, mas ela sempre acaba alcançando você. A diferença é que eu adorava me encharcar olhando para o céu depois de perder a corrida. E eu nunca desistia.
Eu sei que parece que eu tenho sessenta anos quando eu escrevo tudo isso. Mas eu sinto falta de quem eu era aos meus lindos doze anos.
Você mudou tudo.

(texto muito, muuuuuuuuuuuuito velho mesmo. mas qualquer coisa é melhor do que o desabafo ridículo e depressivo que tava aqui. eu escrevi esse texto quando tinha catorze aninhos e meio; coloquei o "dezesseis" só pra adaptar :)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

- você volta, eu volto...

Eis que me resta um feriado sem porra nenhuma para fazer. Como todos aqui são maiores de idade, eu vou realmente passar o tempo todo sozinha. Fuck them all. Eu tenho uma geladeira de vinhos e cerveja à minha disposição, toda a depressão e toda a falta de dignidade que preciso. Vou desligar o celular e ficar bêbada até cair e ninguém vai perceber. O tempo vai passar rápido e quinta feira eu vou voltar para a escola de bom humor, e dizer que o meu feriado foi o má-xi-mo. Meu único tempo sóbria vai ser para visitar a minha avó amanhã. Vou esquecer que você está aí. É bem assim.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

- nada de importante;

he: Você não é mesmo como as outras, né?
she: Eu sou como todas as outras. Só mais uma, lembra?
he: Às vezes eu olho para você e penso que alguma coisa de horrível aconteceu. Você parece mais madura que todo mundo.
she: Ótimo jeito de me chamar de velha. Vou me lembrar.

(eu disse que ia me lembrar. não são exatamente as mesmas palavras, mas foi mais ou menos isso.)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

- amigo, estou aqui.

Fodam-se, todos vocês. Não vou correr mais atrás de ninguém. Cara, olha para cá. Dá só uma espiadinha. Juro que só vai tomar alguns minutos do seu tempo. Eu estou te esperando. Que porra. Será que só você não percebeu? Eu estou cansada. É como se eu carregasse um peso comigo o tempo todo. Vão se foder. Seus putos. Oi, tudo bom, meu nome é fulano e eu amo você. Eu acredito nisso, ok? Eu realmente amo as pessoas quando eu digo. Eu amo demais. Tudo que é demais é muito mais difícil. Eu quero amar de menos, bem de menos. Eu quero olhar para a cara das pessoas e há, vocês me amam mais do que eu amo vocês. Eu sou foda. Eu não me dôo para ninguém. Eu sou de mim mesma. Eu estou sozinha por que eu escolhi. Há. Qual é a pessoa que olha para mim e não pensa, solidão? Eu quero todas as companhias do mundo, menos a da solidão. Eu não quero estar sozinha. Porra. Diga eu te amo para mim, só se você me amar. Seja meu amigo por inteiro, não pela metade. Olhe nos meus olhos quando fala comigo. Nos. Meus. Olhos. Agora, vá se foder. Eu quero estar do seu lado. Por que você não deixa? Por que eu corro atrás de todo mundo? Cala a boca. Não é por que senão ninguém corre atrás de mim. Lógico que não. Eu tenho muita gente.. Eu tenho. Então porque agora parece que o mundo é feito por várias réplicas de mim? Vão se foder, réplicas. Eu não quero alguém carente e sozinho como eu. Eu quero alguém que tenha todo mundo, e escolha a mim para contar as coisas. Eu quero fazer questão. Sabe o significado? Ques-tão. Você fazia questão de mim. Agora você faz mais questão daquele eu te amo saído do nada. Você era meu amigo. Que que é? Vai se foder. Eu estou falando a verdade. Todo mundo percebeu isso. Menos você. Por que você sempre olha para os lados. Você nunca olha para os meus olhos. Eles suplicam o tempo todo por você. Mas não, eu não preciso disso. Foda-se. Eu sou mais eu. Eu vou ler livros de auto-ajuda e parar de te perturbar. Eu juro. Só me diz uma coisa antes... O que foi que eu fiz? Eu estou te esperando.

(texto sincero, texto com palavrões. tá implícito.)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

- growing up;

Eu posso ser o que quiser, certo? É o que todos dizem.
Então eu não quero ser apenas mais uma menina cheia de vícios. Eu quero ser alguém na vida das pessoas, quero que alguém faça questão da minha presença. Quero me ralar de estudar, passar numa faculdade foda e trabalhar para conseguir um nada de salário. E conquistar tudo, crescer pelo meu esforço. Eu não quero fumar, não quero me drogar, não quero ser de qualquer um que passe na rua. Eu quero ser importante, quero ter alguém, não muitos. Quero me divertir e viajar, quero ser livre, mas quero ter para quem voltar. Eu não posso mais ser uma porra louca fútil que vai viver na casa dos pais até os trinta. Eu quero me orgulhar de mim. Quero ler mais livros, ver mais filmes, ter mais amigos, aprender mais coisas. Eu quero ter histórias para contar. Não quero ter crises de insônia ou gastrite ou porra nenhuma. Não quero ser um problema emocional personificado. Eu quero ser feliz. Eu quero amar, quero sentir amor sem dor. Quero deixar que alguém me ame. Quero conseguir falar tudo que me incomoda, quero que tudo isso passe. Eu quero chegar aos noventa anos, olhar para trás e sorrir. É só isso que eu quero.
Como faz?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

- estilhaços;

Não é justo. Há algum tempo, eu escrevia mil textos sobre você, fazia um esforço absurdo para não procurar saber da sua vida, e chorava por qualquer coisa que me fizesse lembrar dos velhos tempos. Eu daria o mundo por uma palavra sua. E, durante todo esse tempo, você me ignorou como só você sabe fazer. Você fazia questão de me mostrar como eu só aparecia na sua mente de vez em quando. Eu perdi muita coisa, enquanto me escondia atrás de mim mesma, muita coisa que eu poderia ter aproveitado, coisas que poderiam me fazer mais feliz. E eu não vi nada disso. Eu só via você. Eu não via quanta gente eu tinha do meu lado. Só via como você estava longe, e como isso fazia parecer que eu era a pessoa mais sozinha do mundo.
Eu fiz um esforço enorme e abri meus olhos de novo. Me lembro dos primeiros sorrisos de verdade, dos primeiros abraços que eu me permiti sentir; cada um deles era um presente valioso. Do alívio ao perceber que a pior parte tinha passado, eu sobrevivera a ela. E que, pedaço por pedaço, eu ia ser capaz de me reconstruir.
Foi isso que eu fiz. Reencontrei cada estilhaço, e por alguns eu tive que ir muito longe. Nessa parte você ajudou, se mantendo distante. E agora, que eu estou quase inteira, que eu coloquei o meu ponto final na nossa história, você volta desse jeito. Não é justo. Não é justo que eu chore por você de novo depois de todo esse tempo. Vai embora, para qualquer lugar, para o lugar de onde você veio, eu não quero sentir esperança de novo. Eu não sou um brinquedo de montar e desmontar, não vou me reconstruir tão facilmente dessa vez. Vai embora, por favor. Eu não quero viver pela metade, eu quero tudo, quero viver por inteiro. Eu quero ser feliz. Foda-se de quem eu gosto ou não gosto. Ao inferno com o amor que eu sinto por você. Eu quero ser feliz.
Por favor, me deixa. Você tem outras. Eu não tenho ninguém. Eu estou sozinha. Me deixa.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

- and stop crying your heart out;

Eu queria saber o que se passa dentro da sua cabeça. O que você realmente pretende me fazendo pensar em você, depois de tanto tempo, aparecendo e sumindo da minha vida. Será que eu realmente não enganei ninguém?
É muito bom quando chega um daqueles dias em que tudo parece melhor e mais feliz. Eu enxergo progressos por todos os lados. Mas então, de uma hora para a outra, eu percebo que estive na beira de um precipício o tempo todo, e que basta um sopro para me fazer cair. Você não ajuda muito com as suas ventanias.
"Ele está te usando", eu penso, só que eu nunca consigo acreditar que você seria capaz. Então você podia chegar em mim e dizer "eu estou te usando, sou um idiota e planejei isso o tempo todo", e eu aceitaria sem nenhuma surpresa e seguiria a minha vida de novo. Mas, infelizmente, eu não leio mentes. Eu só posso adivinhar, e você nunca me dá informação suficiente.
Te dou três dias para sumir de vez de novo, por mais tempo dessa vez. Não, pode ficar mais quatro dias, depois você vai embora. Ou, se você preferir, a gente pode negociar, se você prometer que dessa vez vai ficar para sempre.
Ah, desculpe, eu me esqueci. Para sempre é muito tempo.

(uns pedaços perdidos.)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

- tesouro;

A Lua cheia ilumina a praia, e as estrelas ao seu redor parecem reverenciá-la. Meus pés quentes contrastam com a areia, que absorve a luz da Lua, branca e disforme. Por um impulso, caminho em direção ao mar, e ao chegar nele, não paro. A água quente envolve carinhosamente meus pés, brincalhona, cada vez que a maré avança, produzindo o único som da noite, puro e inovado. O clima quente me conforta, e a ausência do vento dá a impressão de que eu estou num mundo morto, onde o único movimento é o meu e o da água. Inspiro o cheiro do sal e da areia molhada, e avanço mais um pouco. A água já bate na minha cintura, e admiro as pequenas ondas que se sobrepõem na pressa de fugir de mim. Sinto a paz que o lugar irradia, a paz tão procurada por muitos reside ali, simplória, como um tesouro escondido.
(é velho, mas combina com o lugar que eu fui *-* é bom estar de volta.)