terça-feira, 30 de junho de 2009

- sopro;

Ela foi lançada tão sutilmente no ar que se poderia encarar como um passo de dança, se não fosse o som de seus ossos se quebrando como papelão. Talvez seja minha imaginação, mas penso que naquele minuto pude contar as batidas do coração que restavam. Seus cabelos lisos se espalharam, o que me pareceu irônico, já que eu sempre achei cachos mais poéticos. Mas eu não desistiria, e sua morte seria linda e leve como ela esperava, e eu também. Eu faria poesia.
Pensei numa frase feita, e me pareceu clichê. Como descrever as ondas que o próprio vento pareceu contornar ao tom do impacto? Como explicar o reflexo da cor azul gritante sobre o giz da sua pele? E aonde todo o meu amor faria jus ao propósito da coisa? Não posso com dores gritantes, impossíveis de se camuflar. Quero algo como lírios rosados ou o assobiar da maresia, porque não? Como uma raiz branca incrustada na rocha, ela se espalharia pelo céu enquanto o chão corria de seus pés.
Assim, parece fácil. Apenas uma bailarina que rodopiava no ar, a bailarina mais linda do mundo.
Mas aonde eu esconderia os meus pedaços?

(macabro, é.)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

- coração verde e laranja;

Olho para o ano que vem, tão incerto, e o medo me alcança. Não será mais o mesmo lugar todos os dias, as mesmas pessoas, as mesmas risadas. Tudo vai mudar. Mas o mais difícil não vai ser tentar passar em uma faculdade decente ou viver longe dos pais numa outra cidade... Vai ser deixar isso tudo para trás, esse último ano que tem sido o melhor de todos que me lembro.
Agora, ao me lembrar da confusão de rostos e lágrimas e abraços, não entendo muita coisa. Tudo gira ao redor de uma mesma lembrança, uma certeza que acho que não conseguirei esquecer tão cedo... Lembro de cada esforço, cada nervoso que passei; cada tempo gasto na mesma coisa, mesmo quando tudo parecia desmoronar e a esperança ia morrendo vagarosamente. E agora, não importa mais. Se ganharmos, se perdermos, não importa mais; porque nós fizemos o nosso papel, nós nos unimos, e eu sei que valeu a pena. Tornou tudo inesquecível.
Não dá para não lembrar dos ensaios improvisados nos intervalos entre as aulas, em que todo mundo ajudava a arrastar as cadeiras e aplaudia quando a gente terminava, e dava dicas, tentava ajudar. Das milhões de vezes em que a Lê disse que ia desistir e no final era ela quem se esforçava mais. Dos surtos de otimismo do Paulo; "a gente vai ganhar, relaxa, tem tempo!"; dos discursos do Tom que faziam todo mundo se conscientizar, dos abraços que a gente ganhou quando terminou a dança de casais, de todo mundo chorando com a Lu cantando (arrasando, por sinal) e se abraçando e dizendo que nunca ia esquecer um ao outro. Como esquecer da primeira vez que a gente cantou o grito do corredor, todo mundo animado com todo o desafio pela frente e uma determinação enorme? As gostosas da 3s3, a primeira derrota, a primeira vitória. Todo mundo de amarelo no teatro, o porco aranha, os AE CAROL, a coreografia que deixou todo mundo de boca aberta, a Gabi de cleópatra! A 3s7 abafando os gritos de todo mundo.
Eu penso em tudo isso, e não sei o que dizer, pois o resultado da luta para ganhar o desafio foi muito maior... E o prêmio foi mais importante do que qualquer coisa. E, depois de todos esses anos no singular, eu sinto mais do que nunca que saio dali com muita coisa boa para lembrar quando as coisas ficarem difíceis. Valeu a pena, eu sei, e sei que todo mundo entende isso como eu. À minha sala esse ano eu agradeço, vocês foram maravilhosos, vocês me fizeram mais feliz do que nunca. Obrigada.


(chega senão vou chorar de novo. :')

segunda-feira, 15 de junho de 2009

- welcome;

Um dia qualquer, não, qualquer mesmo. Nada de especial. É incrível, pois hoje eu vejo que a brisa era apenas uma brisa comum, sem ritmo, sem som; e apesar de o céu ostentar uma lua e um sol ao mesmo tempo, eu já havia visto isso antes. Mas ah, naquele momento eu sentia que todas as minhas expectativas infantis e sobrenaturais tinham sido atendidas, e que só faltava alguns anjos descerem do alto e tocarem a ponta do meu nariz para tudo ser um sonho muito, muito colorido. Não havia música, mas eu podia dançar. E seria fácil, já que a gravidade fora deixada para trás.

(metade da metade da metade de um texto que não dá pra mostrar. eu não tô conseguindo escrever nada de útil ultimamente mesmo.)

terça-feira, 9 de junho de 2009

- todo o amor que houver nessa vida;

Cansei de viver assim, tateando paredes no escuro. Minha alma pede por algo mais e eu sinto que não serei feliz desse jeito... Não fui feita para apenas assistir o amor, não depois de recolhê-lo em minhas mãos. Hoje eu só o percebo se procurar, e às vezes faço isso inconscientemente, de tão miscível que ele se tornou com a carência de uns tempos para cá. Às vezes tenho vontade de gritar. Percebo a imensidão por trás disso antes de atribuir a histeria à minha fúria adolescente. Queria ser assim, meio mãe de mim mesma, por inteiro. Queria que meu jeito racional absurdo pudesse controlar as coisas que eu sinto de verdade, não é legal se dividir assim. Aquela parte que se desespera, e aquela que acha o desespero ridículo. Não sei como as coisas são realmente. Só queria ser capaz de me refrear.
Já faz tanto tempo... já moldei o amor de todas as formas possíveis, encarei-o de todos os ângulos. A dor não passa. Ela dorme, mas não passa. Não sei porque meu subconsciente insiste em sonhar com você, não sei porque o mundo gira e traz cada vez um pedaço da minha memória de volta. Estava tudo melhor, e isso me tornou mais frágil. Tudo não tende a melhorar com o tempo? Queria entender o que acontece comigo nessas horas em que o ar parece mais feio e o dia demora a nascer. Estou cansada dessa ladainha, esse vai e volta; estou cansada até de falar sobre isso e do jeito como isso me tira a inspiração. Mas às vezes é preciso... Queria que essa merda toda não parecesse tão ridícula, essa contradição constante e irritante. Metade de mim quer esconder a dor como um segredo vergonhoso, mas há aquela parte que precisa dizer a todo mundo que eu estou sofrendo e preciso... do que eu preciso? Não sei, e não me importa, na verdade. Eu só quero paz, por mais que isso exija algumas trapaças, qualquer coisa. Eu quero sentir meu corpo todo relaxar por um tempo e esquecer das tensões que você criou ali. E só de pensar nisso já sinto a exaustão pesar como se meu sangue todo fosse chumbo congelado.

(sincero, ridículo, eu sei. é sempre assim.)