terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ah!

Atravesso rua após rua rapidamente, embora não indiferente. Tenho aquela estranha sensação de que estou a par de tudo, uma mulher a par de tudo, meu Deus, o que estou dizendo. Estou com o mendigo dormindo aqui ao lado, me solta! eu disse ao da rua anterior. Mas como estou arfando! Melhor parar de correr.
Andando fica tudo mais à tona. Ah! Alguém ajude o gato, machucou a pata. Pobres burocratas indiferentes, como perdem coisas boas, minha mãe dizia. O gato é bom, a pata não, melhor voltar a correr, estou pensando besteiras, sempre penso besteiras.
Me solta! eu disse. Ele puxava minha blusa implorando esmola, não tenho esmola, tentei dizer. Ah, mundo, o que aconteceu com você? A que ponto chegamos! A pracinha já está ali na frente, melhor olhar o cabelo. Paro numa vitrine, ah! malditas vitrines, sempre me deixaram nervosa. Olho a praça, meu Deus! Ele já está lá, me esperando, como estou, onde estou, ah! vitrine maldita, vou embora daqui.
Agora não arfo mais, mas como estou ansiosa! Ele vem chegando, vou virar e fugir, me solta! Ele me pega em seus braços, ah! não digo nada, só sorrio e espero o beijo, sempre tem o beijo. E ele vem, me leva junto, já não estou lá, estou aqui, com ele, limpa, inovada, simplória... dele...

Um comentário:

  1. Oh my....
    E essa avalanche de pensamento dói e agride quase fisicamente.

    Intenso quanto corrido!

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