quarta-feira, 15 de julho de 2009

- treze em doze;

Chorou quando treze eram doze e os diabos já não viriam mais. Desapontei-me. Chorou feio, soluçando como se a cada inspiração três saltos fossem necessários. Conheci a melancolia teatral à força; talvez precise lhe transmitir alguns ensinamentos. Deveras, eu sempre soube. Não gosto que se desfaçam assim como se eu forjasse planos ardilosos para sobreviver. Nunca fui um canalha aristocrata. Traria orgulho do cabeçalho ao rodapé se soubesse tamanhas engenhocas. Agora vejam, toda essa tempestade! Reconheço uma verdade ínfima, mas de que adiantam os rodeios? Treze dias, e a obsessão carregava-se a cada hora - eu temia. Não podia imaginar, mas fiquei insatisfeito pela ausência de meus instintos; deveria saber que apenas doze horas distintas seriam equivalentes a toda essa franqueza. Confesso que já burlei algumas regras pessoais. Mas não, dessa vez não fora minha culpa! Eu faria muito pior se quisesse. Entretanto - entre, tanto, claro, mais que nunca - tantos dias felizes não foram suficientes, foram? E ela pôde me atirar aos cães com toda a sua dignidade imaculada, ah, diabos! Se conseguisse asas, eu devaneava para longe até que sua fé perdesse um compasso. Quem sabe assim poderia fazê-la ver, poderia tirar de sua face o orgulho cego e mostrar como sofro também? Essa seria a minha prova - a dor, o ácido. Qualquer vivente poderia identificar a minha falta de frieza. Afinal, se pudesse arquitetar, não usaria isso em favor à minha própria sorte? Não condiz com meu célebre auto-sacrifício. Não condiz com a vontade de morrer por ela, e apenas por ela... Nem por mim mesmo conceberia tal feito.

2 comentários:

  1. Tay*
    O novo post foi colocado a pouco tempo! rsrs, o seu tbm está liindo!!!

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  2. Melhor texto em ficção seu que eu já ali até agora.
    Não é apenas por ser bonito, mas é por ser muito mas muito massivo.... muito porte.... nao sei descrever.
    Muito bom mesmo,

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