quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

- imundície;

Ele estava lá, e eu só conseguia pensar, e pensar, e os sussurros saíam por entre meus lábios antes que eu pudesse refrear, e perdi o controle; como uma fenda que se abre na barragem e, nem tente, alguns segundos depois, foi-se tudo. Sentia-me febril e tremia e mordia os lábios frios enquanto gorgolejavam as palavras pouco distintas umas das outras; encolhi-me num canto e ah, olhe só, tremia mais. As palavras, três, apenas três. Disse-me-disse e repeti. E nem todo o fervor que incitei em mim mesma deixava sair o tanto que eu desejava... o quanto eu queria que, se Ele existisse, atendesse minhas preces. O chão estava tão sujo. Eu estava tão suja. Meus sussurros eram sujos, e a forma como eu o olhava como se pudesse fazê-lo eu mesma com a força do pensamento era imunda. Nadávamos na imundície rasa de nossa própria decadência. Nos afogávamos com os pés no chão. Eu mal podia respirar e, no entanto, a podridão se infiltrava por minhas narinas e era absorvida por minha pele; me vinha uma ânsia de gritar por socorro, um socorro inútil, abafado por minha própria solidão. Não haveria ninguém. Era só ele ali. Ninguém mais, a não ser aquele que eu desejava que morresse.

2 comentários:

  1. uau. Que medo. HUAHUAHAUUAHUHUAHUAA porém genial. EUIHUAIOHEAUIOA

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  2. É gripe? Benegripe!!! XD

    Comentário Idiota... Mas não resisti!!KK

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