segunda-feira, 13 de outubro de 2008

- cuidado com o que deseja;

Por que na porra da minha família nada é normal?
Eu andava me perguntando isso ultimamente, e percebi que eu não estava falando de ser normal, estava falando de as coisas serem como nos filmes de drama bobos, os que dão certo no final. Eles realmente conseguem fazer a nossa cabeça.
Bom, mas, de qualquer forma, por que tudo na minha família é tão intenso? Eu sempre fui profunda e sempre gostei disso, mas tem horas em que eu preferia que tudo fosse mais superficial. É muito mais fácil de lidar com as coisas quando é assim. Com as coisas ruins.
Por exemplo, quando alguém te magoa. Nos filmes, esse alguém te pediria desculpas, te daria algum presente, e vocês viveriam felizes para sempre. Nada de ressentimentos. Mas na porra da vida real existem pessoas que quase nunca se machucam, mas, quando isso acontece, não é fácil. É daquelas vezes em que você tem que pensar e pensar em como pedir desculpas, em como fazer tudo voltar ao normal. Nada de draminhas. Merda.
Mas até que a minha história parece uma história de filme.
Eu sempre tentei conquistar o meu irmão. Quer dizer, depois daquela fase em que meninas e meninos não podem se dar bem, e daquela outra em que meu-irmão-nasceu-pra-me-perturbar. Depois disso, nós viramos amigos. Não assim, grudados, tipo best friends forever end éééver, nada de melações. A gente só deu de terminar os respectivos namoros ao mesmo tempo e precisar, e convenhamos que isso é bem diferente de querer, do apoio um do outro.
Ok, eu no início fiquei surpresa por ele ser o cara que estava me fazendo parar de chorar e ficar bem. Mas eu percebi que a diferença de todo mundo pra ele é que ele nunca tentou me dar conselhos naquela hora em que eu estava me empanturrando de chocolate, ouvindo uma música fossa e chorando. Nessas horas, ele só me fazia rir. E eu esquecia. Que menina que quer ouvir falar de seguir em frente quando o namoro que ela tanto esperou simplesmente.. acaba?
É, aquele lá, o menino que sempre me provocou e atiçou todos os meus sensos nervosos, ele me entendia mais do que muita gente. Porra, eu percebi que eu sempre precisei disso, dessa certeza de ele-vai-estar-sempre-mesmo-do-meu-lado. E ah, aí eu comecei a correr atrás.
Por que sim, eu já cometi muitos erros; não que ele também não tenha cometido, é só que quando você quer apagar as coisas do passado é muito mais fácil se você simplesmente corrige os seus defeitos. E espera que a pessoa perceba. Mas ele nunca pareceu perceber. E isso começou a me deixar triste.
Meu irmão nunca disse "eu te amo" pra mim. E eu achava isso um absurdo..
Eu falava pra todas as minhas amigas o quanto eu admirava aquele cara, o quanto eu gostava dele, o quanto a gente ficava bastante junto e ria. Eu coloquei ele em primeiro lugar pra mim. E ah, ele nunca me colocou abertamente no primeiro lugar dele. Ele nunca me contava as coisas dele, por que ele estava triste, quando estava; ou o que ele fez no final de semana. E eu também achava isso um absurdo. Toda vez que a gente brigava, eu chorava e ficava numa bad imensa, e ele tratava tudo como se nada tivesse acontecido. E eu acho que foi por isso que eu comecei a fingir que não ligava também.
E o tempo foi passando, e eu desisti de lutar por uma mínima demonstração aberta de carinho que fosse. Eu voltei a ser aquela menina-que-estava-pouco-se-fodendo-para-o-seu-irmão-chato. Eu só não percebi isso. E, de tanto tentar conquistá-lo, eu nunca percebi que eu já tinha conseguido; até que a minha impaciência fez com que eu o perdesse de vez.
É, sabe aquela sensação de conseguir o que você queria, mas descobrir que não era bem o que você queria?
A gente só brigou, muito e muito, seguidamente. Sem fazer as pazes nos intervalos.
E deu que no final eu estava no meu computador fingindo que não ligava por estar daquele jeito, quando meu pai veio conversar comigo sobre meu irmão estar no quarto dele, chorando, por ter desistido de mim.
Chorando por ter desistido de mim.
Hã? (reação um).
Ah, não.. (reação dois).
Merda. (reação três).
Pensa, assim, no desespero. No arrependimento. Na tristeza. E junta tudo.
Eu estava tão cega por precisar de palavras pra acreditar que ele gostava mesmo de mim, que não reparei nas pequenas demonstrações de amor que eu ganhava todos os dias. Quando ele me chamava pra ver um filme, quando ele me contava o que fez ele rir, quando ele me perguntava o que tinha acontecido pra eu estar chorando daquele jeito, quando a gente passava o jantar inteiro rindo de besteiras que só a gente iria entender.. quando a gente ficava sentado por horas conversando sobre nada que importava. Por que só o fato de conversar era importante.
E eu, que sou tão boa em dar amor e carinho, não soube receber.
Então, eu corri atrás dele por tanto tempo pra conseguir algo que eu já tinha. E para acabar com o que quer que restasse.
E, se a minha família não fosse tão densa, ele poderia me dizer, ok, eu te desculpo Tatah, afinal, você é a porra da minha irmã. E nós riríamos.
Mas não, ele tinha que se machucar, que ficar triste de verdade e desistir de ser meu amigo. Mas que merda, as pessoas que a gente ama não deviam desistir da gente, mesmo quando a gente quase as expulsa da nossa vida. E, por mais que eu vasculhe na minha mente, eu não consigo achar um jeito de me redimir. Por que ele parecia tão triste comigo que eu acho que nada vai ser suficiente; nada vai ser bom o bastante pra ele, nada que eu fizer. O desespero vem disso.
Por isso que eu estou escrevendo aqui; ele nunca vai ler, e ninguém vai achar que eu estou escrevendo isso pra que ele saiba. Essa porra de texto é tão sincera que eu não vou nem relê-la, por mais que ela esteja uma bosta. Eu estou triste. Muito.
Estou triste por ter acabado com tudo, e não saber como fazer pra voltar. Eu queria ter coragem pra ir lá, contar isso pra ele, e pedir desculpas. Eu queria que ele não ficasse com a mágoa que eu sei que ele vai ficar de mim, por que ele sempre fica. A idéia de ele magoado comigo por muito tempo me angustia. Eu queria voltar a merda do tempo e fazer tudo diferente.
Talvez ninguém entenda isso; ele entenderia, se estivesse do meu lado, se fosse com outra pessoa que eu tivesse feito tudo isso. Mas, de todas as pessoas do mundo, ele não merecia. E isso só faz eu me sentir cada vez mais e mais sozinha e perdida; sem saber o que fazer.
Bom, então pra todos que não conhecem o meu irmão, e que certamente nunca falariam isso pra ele, eu sinto muito. E ah, eu amo o meu irmão. E nunca desistiria dele.
Me desculpa.

3 comentários:

  1. as pessoas que a gente ama não deviam desistir da gente, mesmo quando a gente quase as expulsa da nossa vida.

    às vezes eu também acho que não. Mas enfim, tenha calma, ele é teu irmão e tudo vai voltar ao normal, você vai ver. com o tempo, ou sei lá, as coisas se encaixam!

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  2. um conselho: o tempo cura quase tudo
    segundo conselho: para lidar com o tempo, é preciso de paciência
    terceiro conselho: paciência cai bem em quase todas as horas

    HEUEHUEHUEHUH acho que peguei esse lance ai do A Menina Que Roubava Livros, whatever, espero te ajudar. Não esquenta sua cabeça não, as coisas se acertam! Homens sempre complicam HUEHEHUHEE essa banda é o meu amor maior (L) hihi
    se cuida, saudade :*

    ps: claro que eu li, estou sempre disposta a ler seus textos haha

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  3. É triste, e me deixou triste. Por lembrar que estou brigada com minha irmã. Mas com a situação reversa.
    É foda,e eu nao tenho nenhum comentário mais poético sobre isso. Mas me deixou triste.

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