segunda-feira, 15 de setembro de 2008

- arquivo 11;

"Um destino um pouco diferente do que imaginavam", pensei, enquanto folheava as páginas de um artigo já amarelado dos arquivos da Biblioteca Municipal. O recorte de jornal falava do destino que os "homens perfeitos" como eu deveriam cumprir; e em quais tiveram êxito e em quais fracassaram. Um grande equívoco; se o destino existe, um suicídio não pode ser considerado um fracasso, apenas algo que deveria acontecer. O homem contraria suas próprias especulações.
Procurei um nome em meio a tantas reportagens da pasta "Arquivo 11" do acervo de notícias da biblioteca. Me deparei com uma foto de Jeremy e a notícia de seu suicídio. Cerrei os dentes. Ele foi a única pessoa que viveu o mesmo que vivi sem deixar-se corrromper pelo poder; e atirou em sua própria cabeça num restaurante em Los Angeles, onde jantava comigo. Eu jamais esquecerei o que ele me disse naquela noite.
- Nathaniel, eu vi o futuro. Eu estive lá. - seus olhos se encheram de lágrimas. - Vai ser horrível.
- Eu estarei contigo, Jem. - eu só pude balbuciar.
- Sinto muito, mas eu não. - foram suas últimas palavras.
Meus pensamentos foram interrompidos pela foto de um homem de feições iraquianas que eu não reconheci. A legenda dizia "Saiyd foi o idealizador do projeto Arquivo 11, que acelerava em milênios a adaptação humana. O projeto vai além de adaptações físicas como perda de pêlos ou dentes; abrange uma evolução cerebral de mais de 50%..." Eu sabia a história de cor.
Uma semana depois, aquele rosto, um pouco mais velho, estava na minha frente, sob a mira de uma arma controlada por minhas mãos. Eu não atiraria sem dizer a ele o quando ele fizera mal.
- Você matou Jeremy.
- Não foi a minha intenção. - ele estava calmo, calmo demais.
- O homem perfeito.. você queria criar um homem perfeito, evoluindo sua inteligência e adaptação. Mas a perfeição vai muito além disso! Você evoluiu a imperfeição ao alongar o medo, a raiva e a ambição das pessoas que submeteu ao seu invento.
Eu não precisava dizer mais nada. Ao tirar a granada dos bolsos, pensei na reportagem da biblioteca. Estaria eu cumprindo meu destino? De uma coisa eu tive certeza: êxito. Eu não fracassei. Grande êxito.
Puxei o pino.

(se faltar algum acento é culpa do computador okok)

3 comentários:

  1. A busca pela perfeição é insana!, a gente sempre vai acabar com a granada na mão!

    ... por opção própria!

    - Aii que texto legal! Escreve um livro???

    bjU

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  2. Adorei o seu blog viu!!!
    da uma passadinha lá no meu e diz oq acha....
    vc escreve muito bem viu....
    Bom fim de semana...
    Bejokitasss

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  3. UOUOUOUO

    Puta merda!

    Continua!!! CONTINUAAAAAAA! *.* (geralmente nao uso emoticons sem ser de sorrir. Mas nao tenho nenhuma expressão q demonstre o tamanho que meu olho ficou lendo seu texto)

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